Os índices de conflitos e desgastes na família tem aumentado.
De acordo com o Colégio Notarial do Brasil, em 2021 houve um registro de 80.573 famílias brasileiras que se separaram, 4% a mais que em 2020.
A família está doente, com pessoas vazias, depressivas, desanimadas...
Abro aqui um parêntese para dizer a você que ainda não leu o artigo “Os Quatro Significados do Amor”: leia-o antes de prosseguir esta leitura e assim o assunto deste post será melhor entendido.
O desamor e desequilíbrio nas famílias
Henrique Rojas, um dos psiquiatras mais conceituados da Espanha, em seu livro “O Homem Light”, disse que a doença do século XXI seria o desamor. Mas, bem antes de Rojas, Jesus já havia previsto que “devido ao aumento da maldade, o amor de muitos se esfriará” (Mateus 24:12). Infelizmente é o que mais temos visto crescer nos últimos tempos.
O AMOR explica a nossa existência e só podemos ser felizes amando. A vida não tem sentido para quem não ama, porque somos seres relacionais, precisamos amar e sermos amados.
Infelizmente, o AMOR Afeição, o Storge, não tem estado presente em diversas famílias no Brasil e no mundo. Maridos e esposas não se entendem por desconhecerem as necessidades próprias um do outro. Os pais são ausentes, permissivos, autoritários, expõe seus filhos com agressões na frente de estranhos, provocando mal-estar, vergonha, humilhação. Mas, sabemos que a Afeição em momento algum fere, humilha ou subjuga.
Muitos estão distantes ou se afastaram da fonte do AMOR, que é Deus. Por isso são incapazes de amar.
Vivemos em uma sociedade materialista, em que o TER é preferível ao SER.
Tudo isso tem causado nas famílias um desequilíbrio nos estímulos educativos, que gera uma desordem afetiva na criança.
Tais estímulos em desequilíbrio são:
· Carinho exagerado e mimos
· Superproteção de forma desmedida, totalmente sentimental e desprovido de razão
· Pouco carinho
· Ausência e omissão
· Permissividade
· Transferência de todo trabalho educativo para babás, professores, escolas...
O AMOR e o equilíbrio nas famílias
Amar é um aprendizado que se manifesta em nossas ações diárias e só se torna possível quando estamos sendo alimentados pela fonte.
No decorrer de nossa existência, Deus direciona a forma pela qual somos amados: pais, irmãos, familiares, professores, amigos, namorados, cônjuges, filhos... Ele vai nos atraindo para Ele, nos tornando maduros a ponto de amarmos com o seu AMOR Ágape.
Tal maturidade vem depois das privações, esforços, sacrifícios, negações... Amar é uma capacitação, um treinamento!
“... Se amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor é em nós aperfeiçoado” (I João 4:12).
A família que aprende a amar, educa seus filhos com estímulos equilibrados: carinho, exigências e limites na medida certa, exemplo nas palavras e atitudes.
Os pais são fundamentais nos primeiros anos dos filhos para incutirem os melhores valores, que têm como princípio o AMOR.
Na sequência, quero refletir sobre os perfis educativos das famílias e as influências que seus estímulos de educar exercem sobre os filhos e as consequências que acarretam.
1. FAMÍLIA AUTORITÁRIA
A família autoritária é aquela que só critica, reclama, não é ou é pouco carinhosa. As pessoas são frias, não se beijam, não abraçam, falta o afago. O castigo é evidenciado, gerando medo e profundo desequilíbrio psicológico. Assim, a criança terá a sua afetividade destruída e muita dificuldade para entender o que é o AMOR.
O desespero por quererem se sentir amados leva os jovens ao suicídio. Uma triste constatação no mundo atual.
O Afeto é o primeiro passo de aprender a Ciência do AMOR.
Educar os filhos no AMOR é uma urgência!!!
2. FAMÍLIA PERMISSIVA
A família permissiva é aquela em que os pais são superprotetores, mimam demais os filhos, dão muito carinho e exigem pouco. Concedem aos filhos tudo o que pedem e cedem aos seus caprichos.
Os pais acham que os filhos são exemplares e não percebem seus erros.
Dessa forma, estão formando filhos fracos e influenciáveis que não têm resistência às frustrações. Como consequência, darão muitos problemas na escola e na sociedade.
Normalmente são muito exigentes, egocêntricos, impacientes em grau máximo, tudo é chato e razão para reclamações, estão sempre tristonhos.
Para que esses filhos sejam educados no AMOR, é preciso dizer “NÃO”, colocar limites e estar presente.
3. FAMÍLIA NEGLIGENTE
A família negligente, normalmente são as mais abastadas. Os pais são ausentes, demonstram pouca atenção e carinho, mas compram e pagam tudo para os filhos.
A figura do pai é emocionalmente distante da família. A sua preocupação maior está no seu ganho e conquistas profissionais. Delega suas funções e normalmente nada sabe sobre os filhos, demonstra assim real desinteresse por eles.
As crianças sentem-se distantes do AMOR dos pais e desprezadas. Por isso são carentes e requerem atenção o tempo todo, se envolvem em brigas na escola, roubos, com o mundo das drogas, da promiscuidade sexual... Buscam preencher o vazio com aqueles que sofrem do mesmo problema.
Para esses filhos se sentirem próximos do AMOR, é necessário que esses pais se façam presentes em suas vidas!
4. FAMÍLIA EQUILIBRADA
A família equilibrada é a que sabe equilibrar carinho com fortaleza e proteção. É possível dar carinho, sem mimar!
Nesse modelo, os pais se envolvem na tarefa educativa, dedicando tempo para conversar com os filhos, sabem estabelecer normas claras para serem obedecidas, apresentam argumentações lógicas para que as crianças consigam, por elas mesmas, tomar uma decisão correta diante de um desafio.
Crianças precisam e esperam ser cobradas pelos adultos responsáveis por elas para terem equilíbrio na afetividade, ter limites estabelecidos para não invadirem o que não lhe pertence.
Isso traz segurança a ponto de saber aceitar a frustração e não ter que competir com seus amigos.
O equilíbrio na afetividade resultará em aceitação e respeito a si mesmo, quanto aos seus dons e talentos, em boa autoestima.
A criança adquire autonomia para resolver suas questões, como a organização de seus estudos, suas coisas, seu quarto...
Essa família tem um plano de desenvolvimento por escrito, quanto:
· Às metas de virtudes a serem desenvolvidas no caráter de seus filhos;
· Ao que esperam para o próximo ano e para os próximos cinco anos quanto ao desenvolvimento integral das crianças.
Pais equilibrados geram filhos confiáveis e que têm confiança em si mesmos.
Quando eles chegam na adolescência lhes dão maior liberdade para que aprendam a amar e sejam generosos com as pessoas e desenvolvam a responsabilidade ao fazerem suas escolhas.
Para terminar...
Podemos dizer que o processo da educação de um filho pode ser resumido em: Autonomia – Liberdade – Responsabilidade.
O respeito a essas etapas, baseado no verdadeiro AMOR, dará a esse filho maior capacidade de liderança, de atrair bons amigos, pessoas de valor e assim serem bem-sucedidos.
O conteúdo desse post foi baseado em conhecimentos obtidos no curso “Inspirados para Amar“ do especialista em Educação Personalizada e Diferenciada, João Malheiro, diretor do Colégio Porto Real, no Rio de Janeiro.
Deixo ainda a indicação do filme “Pais & Filhos", do diretor, produtor e roteirista japonês Hirokazu Kore-eda. Filme envolvente, que mostrará parte do que foi exposto aqui neste post. É um drama entre duas famílias com realidades e características bem diferentes. A situação que as envolve causou dores, porém levou um dos pais a entender o que é ser um pai de verdade. Vale a pena conferir!
Aguardo você no próximo post. Até lá!
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