“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que Ele dá”, disse o sábio Salomão, em Salmos 127: 3. A partir desta afirmação, contida na Bíblia, podemos pensar que: é dever dos pais preparar sua herança, seus filhos, para a vida e é direito deles serem amados, cuidados e educados.
Deus não me deu o privilégio de ser mãe. Mas, Ele me deu a responsabilidade de ser exemplo para crianças e adolescentes que passam por minha vida, como alunos. Eles precisam ver em mim uma pessoa em quem possam confiar. Alguém que seja verdadeira, que não aceita a injustiça e a falta de respeito, que seja estudiosa, reconheça seus erros e goste de aprender. E, acima de tudo, que ame a Deus, as pessoas e o que faz. Grande responsabilidade a minha.
No entanto, o meu papel como professora é bem limitado na formação de uma criança e do seu caráter. Em primeiro lugar porque a atribuição maior é da família, dos pais ou responsáveis mais próximos. Afinal, os pais trouxeram esse ser ao mundo e essa nobre tarefa lhes diz respeito. Cabe a mim, apenas auxiliá-los nesse processo.
Em meu dia a dia, tenho observado e constatado que esse cuidado com a formação do caráter dos filhos tem sido negligenciado. Muitas crianças são abandonadas aos seus próprios cuidados. Elas não recebem o carinho, a atenção, a proteção que lhes são devidos. São ignoradas quanto a necessidade de serem amadas, abraçadas, ouvidas, supridas de ensino, correção e disciplina.
De forma assustadora, essas crianças têm perdido a inocência muito cedo. Isso porque passam horas em frente às telas sem qualquer controle, vivem num ambiente hostil, em que são agredidas verbal e fisicamente. O vocabulário delas e expressões já não são próprios da idade e socialmente, na escola, por exemplo, reproduzem o que vivenciam fora dela. São desrespeitosas, mentirosas, violentas e, ao mesmo tempo, frágeis, choram por qualquer motivo.
Este artigo é um desafio para a mudança deste quadro desolador. Tem como base o maior manual de aprendizagem para pais, a Bíblia, a Palavra de Deus. Nela encontramos modelos exemplares e não exemplares de pais e filhos e as estratégias para corrigi-los e discipliná-los.
O Pai exemplar
Deus amou a humanidade com tanta intensidade que entregou Jesus, seu único filho, para nos resgatar de uma vida distante que tínhamos Dele. Por meio da fé em Jesus, nos trata como filhos, nos repreende e corrige, porque nos ama. Ele quer o nosso bem e que participemos de sua santidade. Veja Hebreus 12: 5-10.
O seu amor incondicional foi retratado na parábola do Filho Pródigo, contada por Jesus em Lucas 15: 11-31. A história fala de um filho, que havia escolhido viver longe da família, de forma irresponsável e independente, mas que retornou arrependido à sua casa. O pai o recebeu com alegria e festa, desconsiderando todo o desprezo que havia recebido do jovem e todos os erros que ele cometeu. Assim também é Deus, que recebe de braços abertos o pecador que se arrepende dos seus maus caminhos.
Não é fácil para o pai e para a mãe corrigirem os filhos. No momento, parece motivo de tristeza e dor, tanto para eles quanto para as crianças. Mas, o autor de Hebreus 12: 11, nos diz que os que são corrigidos recebem como recompensa uma vida correta e de paz.
Jesus seguia o direcionamento do Pai, não fazia nada por conta própria, mas só o que o via fazer. Encontramos este relato na própria fala dele, narrada por João 5: 19.
Pai, o seu exemplo é de suma importância para os seus filhos. Se você ainda não leu o artigo “4 Particularidades do Coração Paterno de Deus”, clique no link e leia-o. Tenho certeza que contribuirá para o enriquecimento dos seus atributos de pai. E para quem não é pai, leia também e indique-o para alguém.
O Filho exemplar
O melhor exemplo de filho na Bíblia é Jesus.
A narração de Lucas 2: 51-52 o mostra ainda criança, obediente e sujeita aos seus pais terrenos.
Ao Pai celestial foi obediente até à morte de cruz – Filipenses 2: 8. Como recompensa, Ele recebeu a mais alta honra e o nome acima de todos os nomes – Filipenses 2: 9-10.
Para obedecer é preciso amar, ser humilde e confiar no pai, assim como Jesus. Ensine seus filhos, por meio do seu exemplo, essas virtudes que eles precisam ter para lhe obedecer.
De acordo com os ensinamentos do Apóstolo Paulo, descritos na carta aos Colossenses 3: 20, o filho obediente aos pais agrada a Deus.
Quem honra ao pai e à mãe é tem a promessa de vida longa na terra. Êxodo 20: 12.
Correção e disciplina
A grande maioria dos pais modernos não entendem a importância de corrigir e disciplinar os filhos e os deixam entregues a si mesmos. Isso nunca pode acabar bem. Provérbios 29: 15diz que essas crianças envergonham as suas próprias mães e a correção as tornam sábias.
A correção e a disciplina são próprias do amor. Pais que não corrigem e disciplinam seus filhos não os amam, mas os que amam se preocupam em discipliná-los, como está escrito em Provérbios 13: 24.
E como corrigir e disciplinar os filhos?
Na sequência estão alguns direcionamentos dados aos pais, pelo sábio Salomão, por Moisés, pelo Apóstolo Paulo e por Jesus:
1. Antes da correção e da disciplina, a criança precisa ser instruída, ensinada, conforme Provérbios 22: 6 - “Ensina a criança no caminho em que deve andar e, ainda quando for velho, não se desviará dele”.
Naturalmente, por causa do pecado que habita em cada ser humano, a criança age de modo inconsequente, não tem bom senso nas suas atitudes, é desobediente e teimosa. Se continuar agindo sem ser ensinada, sofrerá duras consequências no futuro. Afinal, ela ainda está começando a aprender a viver.
2. Amem profundamente ao Senhor, guardem no coração a sua palavra e falem dela em todo tempo, em toda a oportunidade, conversem sobre ela, a fim de que seus filhos a memorizem e a coloquem em prática. Deuteronômio 6: 5-9. A palavra de Deus é o alimento que nutre o caráter de uma criança.
3. Busquem, em oração e no conhecimento, a sabedoria e o conselho do Senhor para corrigi-los. Efésios 6: 4.
4. Sejam sábios, ajam com as emoções sob controle e usem poucas palavras, para facilitar o entendimento da criança. Provérbios 17: 27.
5. Não irritem seus filhos porque essa atitude os desanimará. Colossenses 3: 21.
6. Tenham muito cuidado com as palavras. Elas podem contaminar e matar seus filhos. Mas, também podem ser fonte de vida e paz para eles. Provérbios 18: 21 e Mateus 15: 18.
7. O uso da vara é um método ensinado pela Bíblia. É um símbolo de autoridade dos pais, conforme Provérbios 22: 15 e Provérbios 23: 13-14. Na cosmovisão dos povos antigos, ela sugere superação e transformação porque proporciona correção e livra a criança da imprudência e do afastamento de Deus.
Ao estudar o significado do termo “vara”, em diversas passagens bíblicas, é possível saber que a sua função era para a correção dos filhos, como lemos acima. Mas, também servia de apoio aos idosos; com ela os pastores conduziam os seus rebanhos ao pasto e às águas refrescantes (Salmos 23:4).
A Bíblia enfatiza que a vara não é um instrumento de violência, mas de cuidado amoroso e proteção.
O texto de Isaias 11: 4, diz que Deus vai tratar os perversos com a vara (shêbbet) de sua boca. No entanto, na versão da Bíblia Hebraica para o grego (Septuaginta), a palavra shêbbet (vara) é substituída por logos, que significa, além de verbo, palavra.
Isaias 30: 31, diz que a vara (shêbbet) de Deus é a sua voz.
Jesus tratou as crianças com grande atenção, carinho e respeito. Vamos conferir em Marcos 9: 36-37 e Marcos 10: 13-14. Impossível imaginá-lo ferindo uma criança.
A partir da leitura cuidadosa dessas passagens sobre a vara, como meio de correção, é possível extrair alguns princípios educativos:
1. A correção dos filhos precisa ser levada a sério.
2. A correção deve ser feita com autoridade pelos pais ou responsáveis.
3. O objetivo principal da correção é a transformação benéfica do comportamento da criança.
4. Não deve haver excessos em qualquer correção, mas amor e paciência.
5. A palavra deve ser um recurso eficaz, que transmite vida a quem estiver sendo corrigido.
6. Na correção não há violência.
Para concluir...
Quero falar sobre um pai e dois filhos não exemplares, que estão na Bíblia, nos primeiros capítulos de I Samuel.
A história desta família começa a ser narrada a partir da juventude dos filhos. Não há relato sobre quem foi a mãe e nem sobre a infância deles.
O nome do pai era Eli e dos jovens Hofni e Finéias. Eles eram sacerdotes do Senhor e faziam o que era mau aos seus olhos. O pai, era bem indiferente. Só percebeu que os filhos estavam fazendo algo errado, no trabalho dado a eles por Deus, ao ouvir reclamações e comentários do povo. Ele os repreendeu, porém foi em vão. Eles o desprezaram e Eli não os corrigiu, deixou tudo como estava.
Provavelmente, quando crianças, Eli os deixava livremente, fazendo o que queriam, sem ensiná-los, sem corrigi-los e discipliná-los.
Há um princípio em Provérbios 6: 22 – quando a criança é ensinada no caminho, ao envelhecer não se desviará dele. Esse versículo não é uma promessa de que os filhos nunca errarão ou se desviarão. Mas, se o fundamento da vida deles for construído na palavra de Deus, é mais provável que mais tarde continuem a segui-la, obedecendo a Jesus.
Voltando à família de Eli, lemos que o fim da sua história não foi o melhor que Deus havia planejado. A vontade Dele é que o coração dos pais se volte para os seus filhos e dos filhos para os seus pais. Conforme Malaquias 4: 6. Ele tem planos de paz, esperança e prosperidade para nossas famílias (Jeremias 29: 11).
Os relacionamentos não são perfeitos, mas quando nos submetemos ao senhorio de Jesus podemos ser curados, restaurados e fortalecidos.
Jesus tem a palavra final. Para qualquer problema destacado por Deus, há uma solução apontada por Ele mesmo. Ainda que os erros gerem más consequências, o amor de Jesus é maior para curar, restaurar e gerar vida nova.
Pais, responsáveis, pensem qual o futuro que querem para seus filhos e ajam de acordo com esse objetivo.
Nos próximos artigos, voltaremos a falar sobre a Música e sua influência na vida humana. Até breve.
コメント