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Conversa com a Primeira Arte - Parte 2 De Eternidade à Eternidade – a Música na Bíblia

Vamos dar continuidade à conversa com a Primeira Arte, iniciada em um dos primeiros posts aqui no Blog da Art & Palavra?




Já faz um tempinho.... Não é? Porém, é sempre oportuno conhecer um pouco mais de suas particularidades e história.


Conversaremos sobre a sua presença entre os povos da Antiguidade, mais precisamente dos tempos e lugares narrados na Bíblia, no Antigo e Novo Testamento.


Este post não obedece ao padrão normal do gênero textual produzido para blogs. Mas, vai ser impossível você começar a lê-lo e não prosseguir até o último ponto final.


Como uma criança, imagine a própria Música se comunicando com você por meio desta leitura.


1. Música, conte-nos mais sobre o início da sua existência.


Enquanto Deus estabelecia os fundamentos da Terra, eu estava dando voz às estrelas, que juntas entoavam uma canção. Antes mesmo da Criação, eu já existia! Veja lá em Jó 38:7.

Você pode me perguntar: Mas, estrelas cantam? Como pode ser isso?


Cientistas já comprovaram que as estrelas produzem ondas acústicas infra sonoras, de diferentes amplitudes. Os ouvidos humanos não conseguem percebê-las, mas alguns telescópios podem captá-las. Essas ondas puderam ser gravadas recentemente e depois transformadas em música por astrofísicos e músicos, no Projeto chamado Starsounds*.


O autor do texto bíblico citado, por revelação divina, referia-se a essas vibrações estelares como uma canção, entoada pelas estrelas da manhã, que alegrava os seres celestiais, os anjos.


Como já lhe contei anteriormente, sou parte da essência de Deus. Foi Ele quem definiu os princípios que regem a produção do som, a minha matéria-prima. Na sua Soberania e Sabedoria, deu aos seres humanos criatividade, sensibilidade e habilidades com a voz, as mãos e os pés para me dar vida. Deu também a capacidade de inventar muitos tipos de instrumentos musicais: de sopro, cordas e percussão.



2. Quando os humanos começaram a usar seu potencial musical?


Em Gênesis 4:21, livro que narra a origem de todas as coisas, está escrito que Jubal foi o precursor daqueles que tocam flauta, lira ou harpa. Provavelmente tenha sido ele que também inventou esses instrumentos para expressar sua musicalidade, fazendo-me ser ouvida pelas pessoas ao redor.


Sempre estive presente na cultura hebraica, alegrando esse povo diante de Deus e expressando o sobrenatural por meio do louvor e da profecia.



3. Em quais ocasiões você esteve presente nos tempos bíblicos?


Estou presente em quase toda a narrativa bíblica. Aqui apresentarei os principais momentos em que sou mencionada e os personagens envolvidos:


  • Quando o povo hebreu saiu do Egito, após a travessia do Mar Vermelho, o livramento do exército de Faraó e da escravidão, os filhos de Israel entoaram um cântico ao Senhor. Miriã, irmã de Moisés, e todas as mulheres juntaram-se a eles tocando tamborins e dançando. Você pode conferir esta cena musical em Êxodo 15.


  • Eu estava presente nas manifestações de alegria pelo retorno de alguém querido, com adufes e com danças, como o episódio narrado em Juízes 11:34.


  • Mães expressaram a sua gratidão ao Criador com uma oração, em forma de canção, pela dádiva da vida em seus ventres, como Ana, mãe de Samuel (1 Samuel 2:1-10) e Maria, mãe de Jesus (Lucas 1:46-55).


Como pudemos ver até aqui, as mulheres tinham o costume de tocar, cantar e dançar em celebrações com gratidão e alegria. Podemos conferir mais um momento em que isso aconteceu, quando elas festejavam as vitórias do rei Saul e futuro rei Davi, em 1 Samuel 18:6-7.


Passagens como essas e tantas outras, que serão ainda mencionadas, evidenciam a criatividade, habilidade e musicalidade dada por Deus à Humanidade.


  • O rei Davi, além de ser instrumentista e compositor, criava e construía instrumentos musicais (1 Crônicas 23:5, Neemias 12:36). Ele tocava harpa desde a sua juventude, antes de se tornar um rei, quando era um pastor de ovelhas. De acordo com a versão Nova Bíblia Viva Português, o jovem era um ótimo instrumentista (1 Samuel 16:18 – NBV-P). Quando ele tocava, o rei Saul sentia alívio em sua angústia e o espírito maligno o deixava (1 Samuel 16:23).


Só abrindo um parêntese: Teóricos da Musicoterapia - técnica terapêutica que trata pacientes por meu intermédio - usam o texto bíblico citado acima como base para os estudos sobre os efeitos benéficos que posso trazer em tratamentos de males como: ansiedade, depressão e Mal de Alzheimer, por exemplo.


  • Eu estava no templo, fluindo com força, expressão e harmonia na adoração a Deus, por meio de quatro mil músicos, que tocavam os instrumentos feitos por Davi. Desses quatro mil, duzentos e oitenta e oito eram cantores e mestres instruídos no canto do Senhor, que profetizavam com harpas em ações de graças e louvores ao Senhor (1 Crônicas 25:2, 3 e 7).


  • No reinado do rei Salomão, os cantores tocavam címbalos, alaúdes e harpas e cento e vinte sacerdotes tocavam trombetas (2 Crônicas 5:12-13).


  • A vitória de Josafá, rei de Judá, sobre os exércitos inimigos, foi marcada pela minha presença. Sob direção divina, o rei ordenou cantores para que marchassem cantando em louvor a Deus, à frente do exército, que nem se moveu e o exército inimigo se autodestruiu. Este milagre em que participei se encontra narrado em 2 Crônicas 20.


  • No restabelecimento do culto a Deus, no reinado do rei Ezequias, eu também estive presente. Os músicos tocavam címbalos, alaúdes e harpas e os sacerdotes, trombetas (2 Crônicas 29:25-30).


  • Eu também fui usada como sinal para convocar e reunir as pessoas, de formas e em lugares específicos. Confere lá em Números 10:1-7.


  • Na Babilônia, na época do rei Nabucodonosor, fui utilizada para dar um comando de ordem para o povo (Daniel 3:5).


A ênfase maior para a música na Bíblia é o seu uso para o louvor e adoração a Deus, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.


  • O povo de Israel cantou em louvor a Deus por sua restauração (Isaías 12).


  • Assim como o rei Davi e outros salmistas, o rei Ezequias cantou ao Senhor e o louvou todos os dias, acompanhado por instrumentos de cordas (Isaías 38:20).


  • A Bíblia apresenta uma riqueza de expressão em sua linguagem metafórica, que diz: “...até os montes e os outeiros romperão em canções e as árvores aplaudirão” (Isaías 55:12), em virtude da graça de Deus oferecida ao seu povo, dando-lhe alegria e paz.


  • Habacuque, um dos profetas do Antigo Testamento, orou ao SENHOR sob forma de canto (Habacuque 3).


Os poemas, as danças e os cantos eram acompanhados por instrumentos musicais, divididos em três categorias, no Antigo e no Novo Testamento:

  1. Instrumentos de cordas: harpa, lira, alaúde e saltério.

  2. Instrumentos de percussão: pandeiro, tamborim, címbalos sonoros (pratos de metal batidos um contra o outro ou com baquetas) e címbalos altissonantes (de grande sonoridade), adufes, e sinos.

  3. Instrumentos de sopro: buzina, shofar, gaita de foles, trombeta, flautas e pífaro.


No Novo Testamento, os instrumentos musicais eram usados também para:

  • Fazer um lamento, tocado por flautistas – Mateus 9:23.

  • Festejar por meio de Danças, que acompanhavam os sons da flauta – Mateus 11:17.

  • Anunciar um acontecimento (anjos tocando trombetas) – Apocalipse 8:2, 6-12; 9:1-13.

  • Referir-se a sons no céu (harpistas tocando) – Apocalipse 14:2-3.

  • Não há referências quanto ao uso de instrumentos musicais nos encontros da Igreja Primitiva. Mas, provavelmente, a mesma prática do Antigo Testamento, na adoração a Deus, tenha continuado porque a Igreja era composta, na sua maioria, por judeus.


Vejamos algumas menções relativas ao canto no Novo Testamento:

  • Jesus cantou um hino com seus discípulos – Mateus 26:30.

  • Paulo e Silas cantaram louvores a Deus na prisão – Atos 16:25.

  • Paulo aconselha a louvar a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituaisEfésios 5:19; Colossenses 3:16.

  • Cânticos entoados por seres celestiais, em momentos futuros na eternidade, como: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor! ” (Apocalipse 5:12 - NVI).



4. Vamos concluir por hoje?


Sim. Aqui encerramos a nossa conversa, mas continuaremos em posts futuros. Avançaremos para outros momentos em diferentes períodos da história, em que fui sendo modificada de acordo com as transformações ocorridas na humanidade.


Fiquem atentos porque voltarei em meio aos demais assuntos sobre a Arte e a Palavra, relacionados ao Desenvolvimento Humano e à Família. Não deixem de ler os artigos anteriores e expressarem suas impressões.


Até breve!


Referências:

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