Como pais e educadores podem colaborar para que o potencial da criança pequena seja ativado, desenvolvido e fortalecido?
Como estimular a sua capacidade de observar, imaginar e raciocinar?
Neste post quero mostrar caminhos para respondermos a essas questões.
No meu dia a dia como professora, tenho observado que muitas crianças estão desatentas ao mundo, desmotivadas a observarem, a tocarem e a tentarem entender como as coisas funcionam; demonstram apatia; passividade, desinteresse; hipersensibilidade, inquietação e nervosismo; satisfazem-se com menos e lhes falta alegria.
Pesquisas mostram que as crianças as quais recebem pouco estímulo na interação com as pessoas, principalmente em sua casa, e são de alguma forma abandonadas às telas de TV's, celulares e tablets acabam parecendo ter algum problema neurológico ao apresentarem características como as mencionadas acima.
Mas, é possível mudar este quadro e conduzir os filhos a alcançarem o seu potencial máximo!
Esta é uma tarefa árdua que exige propósito firme, empenho, esforço, conhecimento e coragem para agir nesse processo educativo.
A família tem um papel fundamental nessa caminhada que não pode ser terceirizado, como já dito em posts anteriores. Reforço que o lar é o lugar que está acima de qualquer outro lugar para a educação da afetividade, da inteligência e da vontade das crianças.
Se a função da família for entregue à escola e aos cuidadores, quando menos esperarem, os pais se darão conta de que estão convivendo com desconhecidos. Porque não foram eles que definiram os valores que seus filhos estarão vivendo, não foram eles que os ensinaram como deveriam enxergar o mundo e como caminhar por um caminho seguro na vida.
Vejam o que a Bíblia nos ensina no livro de Provérbios, capítulo 4, versos 1 e 2: “Meus filhos, ouçam quando seu pai lhes ensina; prestem atenção e aprendam a ter discernimento. Pois a orientação que lhes dou é boa; não se afastem de minhas instruções”.
Incentivo aos pais ou futuros pais de pequenos com exemplos de ações que os ajudarão nessa tarefa desafiadora, e ao mesmo tempo linda e única, de educar a criança nas três dimensões: da Afetividade, da Vontade e da Inteligência.
Estímulos para a Educação da Afetividade
A base para educar a afetividade na primeira infância é o cultivo de bons hábitos, que proporcionará um terreno fértil para a aquisição das virtudes, como a temperança e a obediência.
Os bons hábitos começam com a interação entre os pais e entre os pais e filhos. Envolve, ainda, o aprender a se aquietar e a ouvir. Ouvir um ao outro, ouvir uma música instrumental, uma canção de ninar, uma história, um poema, coisas boas, enfim.
Convívio que pode ser fortalecido com simples práticas, como a mencionada no artigo “A PRIMEIRA FASE DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL”: Os pais podem criar o mesmo ambiente de tranquilidade e prazer ouvindo as músicas e as histórias, cantando canções que o bebê ouvia ainda no ventre materno. A hora de mamar, do banho, das trocas ou dormir são momentos propícios para essa prática.
Assim, a memória afetiva será acionada e proporcionará ao bebê um momento agradável com seus pais, fazendo-o sentir-se amado.
Nessa interação também haverá momentos em que a criança vai manifestar emoções por meio do choro, do sorriso ou de gritos. E é muito importante que ela tenha oportunidades para manifestar seus afetos e se sentir acolhida.
No entanto, é necessário que os pais comecem a estabelecer critérios e mostrem que não estão satisfeitos com uma manifestação de birra, por exemplo.
A criança pequena busca a alegria e o prazer por meio dos bens imediatos, que normalmente são bens materiais, coisas para suprir imediatamente as suas necessidades. Quando o adulto a satisfaz dando o que ela quer, estará criando uma criança enfraquecida, que mais adiante será uma pessoa que tenderá ao materialismo, à busca do prazer rápido e terá dificuldades para alcançar a alegria, para se relacionar, estará presa aos bens imediatos.
É importante saber que existem forças internas e externas que agem nas crianças para que tenham suas necessidades supridas por meio dos bens materiais. São elas: a falta de capacidade intelectual, o egocentrismo e a superproteção dos pais, caracterizada por mimos, atendimento aos caprichos, presentes dados de forma excessiva por não se sentirem fortes para mostrar aos filhos que existem outros bens mais importantes.
Os pais superprotetores fazem parte de uma geração que foi educada sem muita temperança. São pessoas egoístas, que têm dificuldades para amar e se importar com a necessidade do outro. Falta-lhes suporte para ensinar os filhos a vislumbrarem um bem árduo, que valerá a pena esperar e sofrer para conquistá-lo.
O processo de educação da afetividade dos filhos é oportunidade para crescimento também dos pais.
A educação pelas virtudes é a forma de combater essas forças. A temperança é a principal virtude para educar a afetividade das crianças. E os desafios para os pais são:
Estimular os seus filhos a substituírem o amor que sentem por si mesmos pelo amor ao outro, com gestos de serviço. A criança de 1 a 3 anos está aberta para fazer alguém feliz.
Educar-se na temperança. Os pais precisam ser os exemplos nas atitudes. Afinal, a criança imita o que presencia, o que observa dentro de casa.
Equilibrar o tempo entre o trabalho e a família.
Ter clareza de objetivos e planejar a educação dos filhos. Dessa forma, os deslizes serão minimizados.
Estímulos para a Educação da Vontade
A afetividade é controlada quando a vontade é fortalecida com a educação pelas virtudes, desenvolvidas a partir de quatro hábitos básicos na primeira infância: o sono, a alimentação, a higiene e a ordem.
Boas horas de sono promovem a tranquilidade da criança, que fica mais aberta para a aprendizagem, mantém o ritmo adequado de crescimento e desenvolvimento.
É de muita importância proporcionar-lhe as horas necessárias de acordo com a faixa etária (veja o quadro abaixo, de acordo com a neuropediatra Dra. Paula Girotto); estipular a hora de dormir e acordar; ensinar-lhe a dormir na própria cama.
O hábito da alimentação deve seguir as orientações do pediatra e ser oferecida com carinho, sempre nos mesmos horários em local e tempo adequados. Sem que a criança fique andando, distraída com o celular ou assistindo Tv. Ela deve ser estimulada a comer de tudo e a ficar atenta ao que está fazendo.
É preciso mostrar para a criança que o hábito da higiene é algo bom para a sua saúde e autoestima e para o seu convívio com outras pessoas.
A criança de 1 aos 3 anos está no momento certo para a aquisição do hábito da ordem por causa de seu interesse por ordenar as coisas. Deve ser estimulado vivenciando-o, antes de ser entendido, de forma alegre e motivadora. A ordem é temporal, material, afetiva e mental.
Ações de Ordem Temporal: estabelecer uma rotina; determinar a duração das atividades; anunciar o que vai acontecer para ela começar a se organizar no tempo.
Ações de Ordem Material: envolver a criança na organização dos brinquedos, do seu quarto; dar pequenos encargos na arrumação da casa e um encargo definitivo, como: colocar os guardanapos na mesa do jantar todos os dias.
Assim, ela vai sendo estimulada na ordem afetiva e mental nos aspectos dos hábitos e virtudes. Os bons hábitos conduzem às virtudes e uma virtude leva à outra virtude.
É imprescindível que a criança se exercite nos hábitos antes mesmo de ela entender o porquê está fazendo determinadas ações. Quando ela entender já estará treinada e usufruindo dos seus benefícios.
Estímulos para a Educação da Inteligência
São vários os estímulos para a educação da inteligência que podem ser realizados nessa fase da vida. Menciono aqui algumas possibilidades interessantes. Apenas tenham o cuidado para não sobrecarregarem a criança. Façam tudo com equilíbrio.
A responsividade dos pais às necessidades dos filhos. Quanto mais responsividade, maior o desempenho intelectual das crianças no futuro. De acordo com a Psicologia, a responsividade é a maneira de agir dos pais que buscam desenvolver a autonomia da criança, por meio do afeto, da comunicação e auxílio emocional.
Estimulação sensorial – tatear diferentes texturas; deixar o bebê no chão em diferentes posições.
Deixar a criança em um ambiente com livros e blocos de encaixe e de empilhar.
Oportunizar que a criança gere mudanças com uma ação dela, como: acender e apagar a luz, fazer sons com um chocalho ou brinquedo sonoro.
Deixar a criança solta para explorar um ambiente.
Ler, contar histórias com entonações e timbres diversos de voz, diferenciando as vozes dos personagens.
Brincadeiras com massinha, argila, tintas.
Brincadeiras cantadas, como: brinquedos de colo (Serra, serra...), brincadeiras de roda (Atirei o pau no gato), marchas (Marcha soldado).
Brincadeira de “esconde-esconde” – com um fundo musical no ambiente, esconder o rosto do bebê (até 2 anos) com uma fralda ou tecido transparente e macio e retirar o tecido dizendo: “Achou!” – esta brincadeira ensinará ao bebê que as pessoas podem se afastar, mas também podem voltar.
Danças, imitação de trem saindo e chegando na estação.
Escuta de sons diversos (fenômenos da natureza, animais, instrumentos musicais, sons do corpo, etc.).
Evitar brincadeiras eletrônicas.
Deixar a criança sem fazer nada, que é um meio de mobilizá-la às invenções. É claro que com supervisão o tempo todo!
Para concluir:
Este assunto é bem vasto e terá continuidade dentro dos próximos assuntos que serão tratados aqui no BLOG. Não percam!
Continuem comigo e deixem seus comentários abaixo, dizendo se estão gostando dos artigos e dando sugestões de assuntos que gostariam de ler dentro da temática: Arte e Educação.
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